Membros da família Toyota desenvolveram no Japão entre o período de 1948 e 1975, o Sistema Toyota de Produção, ou STP, que surge para alavancar um cenário onde as indústrias japonesas possuíam uma produção muito reduzida juntamente a uma assombrosa falta de recursos. Sendo princípios peculiares desse sistema: a redução e eliminação de desperdícios (ser enxuto), e a produção com qualidade.
Com isso, o princípio de eliminação de desperdícios torna-se mais conhecido como a produção enxuta, ou lean manufacturing, que em sua essência consiste em uma manufatura com alto grau de economia de recursos. E tratando-se do princípio de produzir com qualidade, é traduzido em uma busca contínua em produzir sem defeitos, desde a primeira vez.
Dentro do princípio da eliminação de desperdícios, Taiichi Ohno, considerado pai do STP, identificou e categorizou os 7 desperdícios em:
Excesso de produção: produzir além do que o cliente necessita;
Esperas: ociosidade do tempo devido à ausência de pessoas, máquinas e materiais;
Defeitos: retrabalhos, produtos que contém erros, defeitos de qualidade;
Inventário: materiais, peças ou produtos disponíveis em dado momento do processo que o cliente não necessita;
Processos desnecessários: esforços que o cliente não está a pagar ou que não agrega valor para ele;
Transporte: movimentação de matéria prima ou produtos, que não agregam valor;
Movimentação: movimentação de pessoas que não agregam valor.
Basta somente analisar estre princípio, que se pode concluir que o STP busca incansavelmente satisfazer as necessidades do cliente final, ou seja, agregar valor para aquele que de fato se tonará usuário do produto ou serviço.
Além disso, é possível compreender que o sistema está muito mais relacionado a mudança do modelo mental das pessoas, ao invés de apenas a tomada de uma técnica ou ferramenta.
Ou seja, a adoção das práticas da Toyota em seu modelo de produção enxuta, o Lean, torna-se uma filosofia que, na prática, movimenta a mudança de toda uma nova cultura organizacional.
Por vários anos, organizações dos mais diversos tipos de segmentos têm utilizado o Lean como principal via de transformação gerencial, melhor aproveitamento do conhecimento humano, e claro, a potencialização dos resultados. A adaptação à cultura Lean tem levado indústrias a se reinventarem cada uma com sua preferência no uso de ferramentas e formas de abordagem, mas sempre seguindo a essência do STP. Já existem cases de sucesso nos setores: metalmecânico, confecção, mineradoras, construção civil, gestão pública (governos municipais), saúde (hospitais), hotéis, restaurantes, tecnologia da informação, desenvolvimento de produtos, entre outros.
Pode-se afirmar que existem muitas oportunidades de melhoraria nos processos produtivos, desde as empresas já maduras até mesmo as micro e pequenas empresas manufatureiras. Entretanto, também existe um horizonte a ser desbravado, onde pode-se obter ganhos ainda maiores do que os alcançados no meio manufatureiro: ampliar a aplicação da filosofia Lean para otimizar os processos administrativos, já conhecido como Lean office. Neste sentido, além da indústria, também podemos relacionar o princípio da eliminação dos 7 desperdícios à área administrativa (Lean office) da seguinte forma:
Defeitos: erros em faturas, cotações de compras;
Excesso de produção: impressão de documentos antes do necessário;
Estoques: relatórios, material de escritório;
Processamento desnecessário: relatórios não necessários, cópias adicionais de documentos;
Movimento desnecessário: caminhadas até a impressora ou almoxarifado;
Transporte desnecessários: anexos de e-mails, aprovações de várias pessoas de um mesmo documento;
Espera: demora na aprovação de documentação, sistema fora do ar.
De qualquer modo, seja na esfera industrial ou administrativa, toda iniciativa Lean deve estar sustentada em princípios claros que levem a garantia de criar valor para o cliente. A partir de então, é possível estabelecer uma grande relação de melhorias e mudanças que devem ocorrer nos processos para garantir essa criação de valor.
Para embasar todo o esforço de transformação, várias estruturas gerenciais devem ser alteradas ou criadas, além do comportamento dos líderes que devem estar em total harmonia com a nova cultura e suas práticas, para que isso torne uma transformação contínua e insira o pensamento enxuto em todos da organização.
Movido por desafios. Desde conquistar a linha de chegada de uma meia maratona, até desvendar aquela fórmula do Excel. Meu empenho está diretamente ligado ao propósito de solucionar novos desafios, que contribuam com minha aprendizagem.