Apesar de todas as previsões de crescimento, eleições e ambiente internacional podem impactar os pequenos negócios
Início de dezembro e está aberta temporada 2017 de previsões para o próximo ano. Diferentemente deste ano, que se iniciou com um sentimento de “hora da virada” mais estabelecido, o ano de 2018 apresenta um horizonte de mais incertezas, o que oferece riscos aos pequenos empreendimentos.
É muito complexo prevermos o que irá acontecer no futuro. A CADARN mesmo, junto com outros parceiros empresariais, está montando um documento específico relacionado ao ano de 2018 para ser lançado nas próximas semanas e dentro deste processo são muitas variáveis no ambiente Brasil e no ambiente internacional que podem pesar positivamente ou negativamente para o sucesso dos negócios no próximo ano. Estamos elaborando cenários e assim que estiver pronto vou divulgar as informações para vocês se prepararem.
Entretanto, acredito ser interessante discutirmos de forma mais ampla por meio deste canal sobre o que pode impactar mais diretamente os pequenos negócios.
A perspectiva geral para o ano de 2018 é de crescimento. Todos os principais meios de avaliação acreditam que teremos uma expansão entre 2% e 3% no ano que vem, o que gera certo alívio ao pequeno empresário depois de anos de baixos rendimentos. Diferentemente do ano de 2017 em que a indústria e agronegócio lideraram o processo, o ano de 2018 promete ser positivo também para o comércio serviços, segmento que representa 60% do nosso PIB e grande parte dos pequenos negócios. Copa do Mundo e Eleições serão eventos impulsionadores para economia. Com uma inflação controlada e taxas de juros (ainda altas) mais responsáveis há bons motivos para acreditarmos na elevação do consumo e do investimento e que este cenário de evolução deve realmente se concretizar.
Contudo, há nuvens no horizonte e é importante você pequeno empresário estar preparado.
Dentre todas as incertezas para o ano de 2018 as eleições são a maior preocupação, mas não é a única. A manutenção do crescimento dos países desenvolvidos é um fator relevante para os negócios, tendo em vista tem possui grande impacto sobre a relação entre o real e as demais moedas internacionais, especialmente Euro e Dólar.
O cenário eleitoral está ainda muito turvo. Deveremos ter um grande número de candidatos em um processo no qual o atual governo não possui muitas chances de emplacar um nome forte. Todos serão oposição, logo dificilmente teremos um candidato apoiando diretamente as reformas sem ressalvas, o que deve trazer riscos à efetivação de uma visão de futuro mais responsável em termos fiscais que o Brasil necessita.
A liderança de Lula (com diversos escândalos de corrupção) e de Bolsonaro (pouco apoio parlamentar, muitas controvérsias e pouco conhecimento sobre propostas para temas relevantes como educação, saúde e economia) também pesa contra a um ambiente econômico mais tranquilo. Assim, as empresas grandes podem não fazer grandes investimentos e esperar para ter mais clareza do resultado eleitoral e das propostas dos vencedores. Assim, é possível que estejamos mais perto do crescimento na casa dos 2% para o ano que vem.
A questão internacional é mais abrangente e difícil de prever os impactos. Temos riscos de guerras, riscos de queda com as bolsas internacionais, riscos com a evolução dos preços das criptomoedas (bitcoin, etherium, dash, etc), risco Trump, entre outras coisas que podem fazer com que o ambiente internacional não seja tão positivo para o Brasil quanto imaginamos. Quando há crise lá fora temos um efeito negativo em termos de confiança dos empresários que acaba tirando dinheiro dos mercados e projetos, o que faz com que o Dólar e o Euro fiquem mais caros. Tal situação gera elevação nos preços e talvez force uma elevação das taxas de juros.
Como estas incertezas impactam meu negócio?
A incerteza política se efetivar até o período eleitoral pode impactar os pequenos negócios que necessitam de investimentos para produzirem resultados positivos crescentes como, por exemplo, construção civil, máquinas e equipamentos e saúde. Tal condição pode atrapalhar a recuperação do emprego, que tem sido positiva desde o início deste ano. Caso isso ocorra, comércio e serviços podem ter um resultado menor do que o inicialmente projetado. Desta forma, ser prudente se fazer necessário e esperar a demanda para compor a estratégia de atuação pode ser relevante.
Quanto a possibilidade de termos um impacto negativo em câmbio, com elevação dos preços e talvez dos juros, podemos ver uma “contaminação” maior da economia. Com preços mais elevados, podemos ter redução do consumo, que é elemento essencial para a produção e para as vendas. Entretanto, empresas exportadoras podem ser beneficiadas, neste caso o agronegócio, bem como as empresas da cadeia florestal, química e petroquímica podem ter um desempenho mais positivo.
Como devo me preparar?
O cenário em que acreditamos é de um ano positivo para o país, com crescimento no maior nível dos últimos cinco anos. Entretanto, gostaríamos de dar algumas dicas de comportamento gerencial para os micro e pequenos empresários:
Mantenha a atenção aos custos: mesmo com uma perspectiva positiva não descuidem de seus custos, pois pode haver alguma reversão no meio do caminho e você terá que agir para manter o desempenho da empresa.
Avalie bem contratações: contrate apenas pessoas que farão a diferença no negócio ou que sejam extremamente necessárias as suas atividades produtivas. Aproveite ao máximo as liberdades da nova lei trabalhista para ter as pessoas que você realmente precisa para o desempenho do seu empreendimento.
Atenção aos estoques: mesmo processo dos custos. Manter elevados estoques podem deixar a empresa com fluxo de caixa empacado em momentos de baixa demanda.
Controle seu caixa: nada mata mais rapidamente uma empresa do que a falta de caixa para arcar com seus compromissos financeiros. Desta forma, não deixe de manter um bom volume de caixa para estar preparado para qualquer situação que o próximo ano te apresente.
Evite fazer dívidas: as taxas mais baixas de juros estimularão a realização de empréstimos e financiamentos, mas com um ambiente ainda incerto pode não haver horizonte para arcar com estas dívidas. Assim, caso seja possível, evite acumular débitos no próximo ano.
Acompanhe o mercado: fique de olho no mercado para identificar mudanças e adaptar seu comportamento e atuação. As coisas hoje mudam muito rapidamente e as pessoas e empresas tendem a se adaptar as condições que elas enfrentam.
É importante se manter positivo, pois a motivação é essencial para fazer os negócios acontecerem e darem certo, mas como diz um velho ditado árabe “confie em Deus, mas amarre seu camelo”.
Esteja sempre preparado!
Sócio - Cadarn Consultoria